EUA, 2018. 1h40min. Classifica\u00e7\u00e3o Indicativa: 14 anos. Dire\u00e7\u00e3o:<\/strong> Jeff Wadlow. Roteiro:<\/strong> Jillian Jacobs, Michael Reisz (tamb\u00e9m autor da hist\u00f3ria), Christopher Roach, Jeff Wadlow. Elenco:<\/strong> Lucy Hale (Olivia Barron), Tyler Posey (Lucas Moreno), Violett Beane (Markie Cameron), Sophia Ali (Penelope Amari), Nolan Gerard Funk (Tyson Curran), Sam Lerner (Ronnie), Landon Liboiron (Carter).<\/p>\n Mais um filme de terror dispens\u00e1vel da famigerada Blumhouse. Jason Blum \u00e9 o respons\u00e1vel por produzir filmes de terror de forma independente, de baixo or\u00e7amento, e lan\u00e7\u00e1-los por meio do sistema dos grandes est\u00fadios, respons\u00e1veis por sua distribui\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Assim, temos obras oportunistas e de baixo or\u00e7amento como: Atividade Paranormal<\/strong> (Paranormal Activity, 2007), de Oren Peli [e, suas p\u00e9ssimas continua\u00e7\u00f5es]; Sobrenatural<\/strong> (Insidious, 2010), de James Wan [e, suas p\u00e9ssimas continua\u00e7\u00f5es]; A Entidade<\/strong> (Sinister, 2012), de Scott Derrickson [e, sua p\u00e9ssima continua\u00e7\u00e3o]; Uma Noite de Crime<\/strong> (The Purge, 2013), de James DeMonaco [e, suas p\u00e9ssimas continua\u00e7\u00f5es]; Ouija: O Jogo dos Esp\u00edritos<\/strong> (Ouija, 2014), de Stiles White [e, sua p\u00e9ssima continua\u00e7\u00e3o]; A Forca<\/strong> (The Gallows, 2015), de Travis Cluff, Chris Lofing; entre outros filmes ruins.<\/p>\n Mesmo quando trabalhou com diretores de certo prest\u00edgio, como M. Night Shyamalan (A Visita<\/strong> (The Visit, 2015); Fragmentado<\/strong> (Split, 2016)), o resultado ficou muito aqu\u00e9m do esperado. Ainda mais agora que a produtora recebeu um (duvidoso) pr\u00eamio Oscar de Melhor Roteiro Original pelo filme Corra!<\/strong> (Get Out, 2017) [como den\u00fancia racista, \u00e9 \u00f3timo; mas, como filme de terror, \u00e9 muito question\u00e1vel]. Al\u00e9m de terem feito um dos filmes mais divertidos de 2017: A Morte te d\u00e1 Parab\u00e9ns!<\/strong> (Happy Death Day, 2017).<\/p>\n Parecia que, enfim, estavam investindo mais em qualidade<\/u> do que, simplesmente, obras descart\u00e1veis de ganho f\u00e1cil.<\/p>\n Resumindo: baixo custo de produ\u00e7\u00e3o (e qualidade f\u00edlmica de baixa qualidade), filmes de terror, economicamente, muito lucrativos [este Verdade ou Desafio <\/strong>(Truth or Dare, 2018), custou apenas $3.5 milh\u00f5es e rendeu $36,350,360 milh\u00f5es, apenas na bilheteria dom\u00e9stica, ou seja, s\u00f3 nos EUA].<\/p>\n Na d\u00e9cada de 1980, existia uma s\u00e9rie de filmes de terror baseados em datas comemorativas. Um bastante \u201csemelhante\u201d era A Noite das Brincadeiras Mortais<\/strong> (April Fool’s Day, 1986), de Fred Walton, que passava-se no 1\u00ba de abril, Dia da Mentira: um grupo de universit\u00e1rios se reunia em uma ilha isolada, e eram eliminados um a um [tinha um final frustrante, ent\u00e3o n\u00e3o se tornou um cl\u00e1ssico; o filme j\u00e1 era uma varia\u00e7\u00e3o de Halloween: A Noite do Terror<\/strong> (Halloween, 1978), de John Carpenter; e Sexta-Feira 13<\/strong> (Friday the 13th, 1980), de Sean S. Cunningham].<\/p>\n Aqui, o roteiro passa-se na data do Spring Break<\/em>: semana de recesso escolar, conhecida no Brasil como \u201cSemana do Saco Cheio\u201d. Tamb\u00e9m conhecida como Semana da Primavera<\/u>, per\u00edodo de recesso estudantil, adotada por v\u00e1rias institui\u00e7\u00f5es de ensino, normalmente, em novembro, na semana do Dia de Finados (2 de novembro).<\/p>\n A hist\u00f3ria \u00e9 at\u00e9 bastante interessante: um grupo de amigos vai passar o feriad\u00e3o durante o Spring Break<\/em>, no M\u00e9xico. Um jovem bonito, Carter (Landon Liboiron), aproxima-se da bela protagonista, a YouTuber Olivia Barron (Lucy Hale), em uma festa, e a mesma corresponde ao interesse. Os amigos, ent\u00e3o, v\u00e3o at\u00e9 as ru\u00ednas de uma igreja abandonada e come\u00e7am a jogar \u201cVerdade ou Desafio\u201d. S\u00f3 que o jogo \u00e9 real: se n\u00e3o disser a verdade, morre!; se n\u00e3o aceitar ou n\u00e3o cumprir o desafio, morre!; se n\u00e3o jogar, morre! (tudo, at\u00e9 certo ponto, inveross\u00edmil!; mas, vale aqui a \u201csuspens\u00e3o da descren\u00e7a\u201d, e tentar se divertir com a trama).<\/p>\n Parece uma mistura de Corrente do Mal<\/strong> (It Follows, 2014) [um \u201cmal\u201d passando de corpo em corpo]; com a franquia Premoni\u00e7\u00e3o<\/strong> (Final Destination, 2000\/2003\/2006\/2009\/2011) [cada integrante do grupo vai morrendo de acordo com as regras deste \u201cdem\u00f4nio\u201d; aqui chamado Calux!, do tipo trapaceiro].<\/p>\n A dire\u00e7\u00e3o \u00e9 de Jeff Wadlow, de Kick-Ass 2<\/strong> (Kick-Ass 2, 2013); e possui um curr\u00edculo nada muito memor\u00e1vel, apesar de ser elogiado por Quentin Tarantino (!).<\/p>\n Assim, os integrantes do grupo (cada um tem uma vulnerabilidade: a alco\u00f3latra, a infiel, o gay, o desonesto, o apaixonado, a mentirosa), come\u00e7am a ser possu\u00eddos pelo \u201cmal\u201d e terem vis\u00f5es com as palavras \u201cVerdade ou Desafio\u201d. Essa entidade demon\u00edaca tamb\u00e9m possui as pessoas e lan\u00e7a os desafios. S\u00f3 que as possess\u00f5es s\u00e3o mais \u201cris\u00edveis\u201d, do que \u201cassustadoras\u201d.<\/p>\n Ao inv\u00e9s de serem utilizadas pr\u00f3teses, maquiagem, gore<\/em> (cenas sanguinolentas), lentes brancas demon\u00edacas, e efeitos pr\u00e1ticos, como em O Exorcista<\/strong> (The Exorcist, 1973), de William Friedkin; ou como em\u00a0A Morte do Dem\u00f4nio<\/strong> (The Evil Dead, 1981), de Sam Raimi; a impress\u00e3o que temos \u00e9 que utilizaram um horr\u00edvel efeito CGI (Computer-Generated Imagery ou Imagens Geradas por Computador), para esticar as bocas e os olhos, e deixar os personagens com o aspecto endemoniado [parece at\u00e9 que abaixaram a classifica\u00e7\u00e3o indicativa, para atingir o p\u00fablico-alvo jovem (os pr\u00f3prios personagens utilizam a Internet e as Redes Sociais a todo momento, em seus smartphones e notebooks (YouTube, Facebook, Snapchat [e Google]), mas que acabou com grande parte do impacto do filme].<\/p>\n Efeitos CGI e Filmes de Terror n\u00e3o combinam! As cenas n\u00e3o ficam apavorantes, n\u00e3o se cria suspense, e n\u00e3o temos a sensa\u00e7\u00e3o de realismo [pelo menos uma sequ\u00eancia merece destaque: uma mo\u00e7a tem que andar pelo telhado da casa totalmente alcoolizada at\u00e9 a garrafa de vodca acabar (esta cena possui uma estrutura narrativa muito bem constru\u00edda;<\/strong> al\u00e9m de algumas interessantes revela\u00e7\u00f5es e reviravoltas no final)].<\/p>\n Outro problema que acaba com qualquer filme de terror: a resolu\u00e7\u00e3o final.<\/p>\n A resolu\u00e7\u00e3o duvidosa da hist\u00f3ria vai contra todo o perfil psicol\u00f3gico benevolente e moral apresentado durante todo o filme pela protagonista [em um momento, na igreja, ela demonstra um altru\u00edsmo em \u201csalvar\u201d a humanidade, e bem no finalzinho, ela nega este comportamento (e compromete a humanidade inteira?)].<\/p>\n O filme tamb\u00e9m pode ter uma interpreta\u00e7\u00e3o racista, bem ao estilo do presidente dos EUA, Donald Trump (2017-\u00a0\u00a0 ): todos os problemas do grupo de amigos s\u00e3o oriundos do M\u00e9xico; o M\u00e9xico \u00e9 um lugar de \u201cbruxaria\u201d e rituais de \u201cfeiti\u00e7aria\u201d; se voc\u00ea for ao M\u00e9xico, vai voltar possu\u00eddo por algum tipo de entidade maligna…<\/p>\n Bem agora que tivemos um extraordin\u00e1rio Filme de Anima\u00e7\u00e3o da Pixar, que mostrava com muito respeito e carinho a cultura mexicana: Viva: A Vida \u00e9 uma Festa<\/strong> (Coco, 2017), premiado com o Oscar de Melhor Anima\u00e7\u00e3o. Na mesma festa do pr\u00eamio Oscar deste ano, 2018, tamb\u00e9m tivemos v\u00e1rios premiados mexicanos, especialmente Guillermo del Toro, com o seu tocante A Forma da \u00c1gua<\/strong> (The Shape of Water, 2017).<\/p>\n Portanto, assistindo este Verdade ou Desafio <\/strong>(Truth or Dare, 2018), ficamos com a impress\u00e3o dele ser totalmente reacion\u00e1rio e preconceituoso [tem-se at\u00e9 um personagem oriental gay (!)].<\/p>\n Juntando tudo isso (efeitos CGI, um contexto reacion\u00e1rio, e a conclus\u00e3o insatisfat\u00f3ria do finalzinho do filme), temos uma obra, como um todo, completamente descart\u00e1vel.<\/p>\n Uma pena! Mais um desperd\u00edcio de talento (n\u00e3o de dinheiro para os produtores), pois podia ser um filme memor\u00e1vel, mas \u00e9, apenas, mais um filme esquec\u00edvel… da infame Blumhouse.<\/p>\n![\"\"](\"http:\/\/www.loucademiadecinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2020\/05\/2018-Verdad-o-reto-Truth-or-Dare-tt6772950-USA-f.jpg\")
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