Críticas │ Besouro Azul (2023)

Besouro Azul (2023)Blue Beetle

EUA, 2023. 2h7min. Classificação Indicativa: 13 anos. Direção: Angel Manuel Soto. Roteiro: Gareth Dunnet-Alcocer. Elenco: Xolo Maridueña (Jaime Reyes/Blue Beetle), Bruna Marquezine (Jenny Kord), Becky G (Khaji-Da (voz)), Harvey Guillén (Dr. Sanchez), Susan Sarandon (Victoria Kord), Raoul Max Trujillo (Conrad Carapax/Carapax the Indestructible Man), Gabriella Ortiz (Tia Letty), Elpidia Carrillo (Rocio Reyes), George Lopez (Uncle Rudy Reyes), Damián Alcázar (Alberto Reyes), Oshún Ramirez (Nayeli), Adriana Barraza (Nana), Belissa Escobedo (Milagro Reyes), Yuli Zorrilla (Carapax Mom), Bridgette Michelle Bentley (Office Worker), Walter J. Buck (Security Tech #4), Jorge Jimenez (Uncle Chema Reyes), Kade Pittman (Black Ops Leader), Marcus Nelson (Giovani), Lovell Gates (Guard), Brianna Quinn Lewis (Kord Receptionist), Ayden Rivera (Kid Carapax), Perris Drew (Security Tech #2), Sergio Valente (Soldier XX).

Jaime Reyes (Xolo Maridueña) é um adolescente recém-formado de origem mexicana que encontra um artefato alienígena que lhe dá um exoesqueleto mecanizado e poderes, tornando-o o Besouro Azul.

O longa-metragem do diretor Angel Manuel Soto é divertido, respeitoso e carinhoso com seus personagens e público, ainda que não traga nada ao gênero que já não tenha sido visto inúmeras vezes anteriormente. Lembra bastante a história de Homem de Ferro (Iron Man, 2008) da Marvel Comics, rival histórica da DC Comics (e Warner Bros.), na qual Besouro Azul pertence.

Na trama, um mecanismo militar alienígena, o Escaravelho, escolhe Jaime Reyes (Xolo Maridueña) como seu hospedeiro, transformando o jovem em um guerreiro com uma carapaça metálica. Reyes, claro, não quer nada com isso, tendo acabado de se formar em Direito (para tirar a família de uma inevitável pobreza), precisando passar no exame da ordem e estando prestes a ver sua família (muito unida) perder tudo para o poder avassalador das Indústrias Kord, lideradas pela gananciosa Victoria Kord (Susan Sarandon).

Entretanto, ao chegar em Palmera City, ele descobre que a família perdeu a casa para as Indústrias Kord, um conglomerado científico e tecnológico que cresce indiscriminadamente e retira os moradores originais de seus lares para expandir um império puramente neoimperialista.

Tudo muda quando, em um determinado dia, ele cruza caminho com Jennifer Kord (a brasileira Bruna Marquezine), filha do fundador da Kord, Ted. Escondida às sombras de sua tia, Victoria (Susan Sarandon), ela coloca as mãos em uma tecnologia alienígena com potencial ilimitado, e que será utilizado por Victoria para construir armamentos em massa para reforçar seu domínio sobre o mundo.

O responsável por adicionar latinidade ao filme (como músicas típicas mexicanas e pop rock latino) é o diretor Angel Manuel Soto, que povoa o filme com inúmeras referências à cultura latina, da novela ‘Maria do Bairro’ ao insuperável ‘Chapolin Colorado’. Soto se apoia nas fórmulas das histórias de origem para tentar resgatar o motivo pelo qual nos apaixonamos por obras de super-heróis (especialmente pelo tema indispensável do roteiro que é a preservação da família, aquilo que dá forças ao personagem central do filme).

As cenas de ação são muito bem coreografas (estima-se que a obra tenha custado US$ 120.000.000). Mas, o maior trunfo do filme é seu elenco: Maridueña faz um trabalho aplaudível e envolvente, trazendo aspectos já explorados em seu papel como Miguel Diaz na série ‘Cobra Kai’; George Lopez emerge como o principal escape cômico do enredo ao encarnar Rudy, tio de Jaime, um gênio da tecnologia que os ajuda a combater Victoria e seu exército; Adriana Barraza, recém-saída de suas atuações em ‘Penny Dreadful: City of Angels’ e ‘Pequenos Grandes Heróis’, dá vida a Nana, avó de Jaime, uma ex-guerrilheira que remonta seus tempos de luta contra o neoimperialismo norte-americano para salvar o neto do modo mais glorioso e hilário que podemos imaginar.

A atriz Bruna Marquezine, que começou sua carreira muito jovem, faz uma excelente estreia em Hollywood. Aqui, Bruna debuta com um papel que lhe permite ser independente, corajosa e simpática, além de entrar como lembrete de que todos nós somos latino-americanos e precisamos estar unidos. Ainda que pertencente ao legado da Kord, ela sabe que as investidas controversas da tia não correspondem ao que ela defende, unindo-se com Jaime para garantir que o povo integre a sociedade da mesma forma que a elite, sem ser obrigado a abandonar suas raízes e suas conquistas por instintos de um capitalismo predatório e destrutivo. E, como se não bastasse, a química entre Marquezine e Maridueña é um deleite para a latinidade.

Besouro Azul pode ter suas falhas e deslizar no tocante à originalidade da história. Não obstante os equívocos, o resultado é bem positivo por apresentar uma perspectiva diferente a que estamos acostumados e focar, essencialmente, em uma jornada muito divertida do herói e que, inclusive, abre espaço para mais incursões.

Divirta-se!

Fontes: IMDb, DC Entertainment, The Safran Company, Warner Bros. Pictures Mexico, Warner Bros., Warner Bros. Pictures, HBO Max.