Críticas │ A Fera (2022)

A Fera (2022)Beast

EUA, 2022. 1h33 min. Classificação Indicativa: 14 anos. Direção: Baltasar Kormákur. Roteiro: Ryan Engle, Jaime Primak Sullivan (história por). Elenco: Idris Elba (Dr. Nate Samuels), Leah Jeffries (Norah Samuels), Iyana Halley (Meredith Samuels), Sharlto Copley (Martin Battles), Liyabuya Gongo (Cut Offs), Martin Munro (Kees), Daniel Hadebe (Abduya), Thapelo Sebogodi (Camo), Chris Langa (Specs), Mduduzi Mavimbela (Poacher Mizozi), Chris Gxalaba (Chipo), Kazi Khuboni (Pilot), Tafara Nyatsanza (Banji), Ronald Mkwanazi (Mutende), Naledi Mogadime (Amahle), Thabo Rametsi (Jersey).

Um pai e suas duas filhas adolescentes são caçados por um enorme leão rebelde com a intenção de provar que a savana tem apenas um predador.

Não é surpreendente que em A Fera (2022), fórmula familiar dos thrillers de sobrevivência, filme este que Idris Elba enfrenta um leão com sede de sangue, o protagonista lide com problemas mal-resolvidos com sua ex-esposa (que morreu de câncer), e precise reatar um relacionamento com suas duas filhas adolescentes.

Kormákur, o diretor do longa, desenrola e abusa da fórmula muito bem, desde o estabelecimento da trama – a viagem do Dr. Nate Samuels com suas duas filhas para a África do Sul, forma de resgate das raízes da mãe das garotas – até a introdução da ameaça que, de início, aprisiona os protagonistas em um carro enguiçado. Nate precisa lutar com as poucas armas que tem e salvar a vida de suas filhas, mesmo que a sua corra o risco de não ser poupada.

Desde o início, A Fera (2022) faz questão de abordar a caça ilegal e as duvidosas maneiras de lidar com ela. Claro que nosso gigante leão é vítima de caçadores, e representa aquela conhecida vingança da natureza. O filme conta com uma narrativa quase didática para nos atentarmos a questões ambientais e a nossa relação com animais em seu habitat natural.

Em A Fera (2022), nos deparamos com um cenário de grande exposição das belezas naturais da África do Sul, com um paraíso visual que acrescenta valor à fotografia do filme. Já no fim do primeiro ato, as imagens do safári em destruição são autoexplicativas; passam a mensagem de que, uma vez que os animais são afetados, o ambiente ao seu redor é deteriorado na mesma medida, estabelecendo o personagem de Idris Elba como um pilar essencial para o funcionamento de uma família repleta de rachaduras.

Sua falta de autocuidado faz com que sejamos confrontados com cenas intensas de ação, de lutas corporais nada inteligentes e embates em que ele é sempre o lado mais fraco. Idris Elba protagoniza momentos de insuficiência de recursos materiais, além de sentimentos de desgaste físico e emocional, intimamente compartilhados com as filhas interpretadas por Iyana Halley e Leah Jeffries.

E quando falamos sobre tais lutas, não podemos deixar de mencionar a presença do não tão imponente leão, ferido desde o início do filme, e a tensão causada em todos os momentos em que ele se aproxima. Com um CGI convincente — mas, ainda menos perfeccionista do que poderia ter sido —, o animal te faz dar solavancos na poltrona do cinema, devido à sua grandeza em relação a humanos comparativamente tão pequenos.

O longa-metragem mexe com os ânimos, mesmo em uma proposta desgastada e nada inovadora, traz um superficial senso de responsabilidade ambiental e nos apresenta a pessoas verdadeiramente humanas. Assistível e desnecessário.

Pra você que gosta de filmes com animais gigantes, recomendo:

Orca: A Baleia Assassina (Orca, 1977), de Michael Anderson, produção de Dino De Laurentiis, música de Ennio Morricone, com Richard Harris, Charlotte Rampling, Will Sampson.

Tubarão (Jaws, 1975), de Steven Spielberg, música de John Williams, edição de Verna Fields, com Roy Scheider, Robert Shaw, Richard Dreyfuss.

Piranha (Piranha, 1978), de Joe Dante, com Bradford Dillman, Heather Menzies-Urich, Kevin McCarthy.

Divirta-se!

Fontes: IMDb, Universal Pictures, United International Pictures (UIP), RVK Studios, Will Packer Productions.