Críticas │ Não Se Aceitam Devoluções (2018)

Não Se Aceitam Devoluções (2018)

BRA, 2018. 1h39min. Classificação Indicativa: 12 anos. Direção: André Moraes. Roteiro: (adaptação de) Ana Maria Moretzsohn, Patrícia Moretzsohn. Elenco: Leandro Hassum (Juca Valente), Manuela Kfouri (Emma), Laura Ramos (Brenda), Jarbas Homem de Mello (Bob Gomez).

Refilmagem da comédia mexicana Não Aceitamos Devoluções (No se aceptan devoluciones, 2013), de Eugenio Derbez, com Eugenio Derbez, Karla Souza, Jessica Lindsey; um grande sucesso de bilheteria: custou estimados $5,000,000 milhões e rendeu, mundialmente, $99,067,206 ($44,467,206 milhões só nos Estados Unidos; dentre os mexicanos radicados nos EUA).

Lembra bastante os filmes sobre paternidade dos anos 1980, como Três Solteirões e um Bebê (3 Men and a Baby, 1987), de Leonard Nimoy (o Spock, da telessérie Jornada nas Estrelas (Star Trek, (1966-1986)), e também da cinessérie Jornada nas Estrelas (Star Trek, 1979/1982/1984/1986/1989/1991/2009/2013); estrelado por Tom Selleck (da telessérie, Magnum (Magnum, (1980-1988)); Steve Guttenberg (o Mahoney, da cinessérie Loucademia de Polícia (Police Academy, 1984/1985/1986/1987)); e Ted Danson.

[teve uma continuação: Três Solteirões e uma Pequena Dama (3 Men and a Little Lady, 1990), de Emile Ardolino (Ritmo Quente (Dirty Dancing, 1987)), também com os astros Tom Selleck, Steve Guttenberg e Ted Danson].

[o primeiro filme, Três Solteirões e um Bebê (3 Men and a Baby, 1987), já era refilmagem do francês 3 Homens e um Bebê (3 hommes et un couffin, 1985), de Coline Serreau, com Roland Giraud, Michel Boujenah, André Dussollier; comédia de enorme sucesso de bilheteria na França; que, por sua vez, possui uma sequência: Três Solteirões e um Bebê – 18 Anos Depois (18 ans après, 2003), da mesma diretora e elenco, além de Madeleine Besson, que faz Marie jovem].

Aqui, no brasileiro Não Se Aceitam Devoluções (2018), basicamente, conta-se a mesma história do original mexicano: Juca Valente (Leandro Hassum), é dono de um quiosque no Guarujá, litoral de São Paulo. Eterno mulherengo e extremamente medroso, ele não gosta de responsabilidades e não pensa em ter um relacionamento amoroso sério.

Mas, sua vida muda quando uma ex-namorada americana (a bela Laura Ramos), larga um bebê com ele e desaparece em um taxi (fato este, nunca claramente explicado). Desesperado, Juca vai até Los Angeles, EUA, tentar achar a mãe da linda garotinha, na tentativa de devolver o bebê.

Para sobreviver, no melhor estilo Cantando na Chuva (Singin’ in the Rain, 1952), ele arruma um emprego, em Hollywood, de dublê de filmes, e, com o passar do tempo, vai se apaixonando pela filha, e logo descobre que seu amor pela menina é maior que tudo (espontânea interpretação da também linda menina Manuela Kfouri, que faz o papel de Emma).

Mesmo sem falar inglês, Juca educa a criança da melhor forma possível, pois já assumiu sua função como pai, tentando ao máximo fazê-la feliz, até mimando-a demais (seu apartamento é todo colorido, cheio de brinquedos, e, semanalmente, ele escreve cartas para Emma como se fosse a verdadeira mãe; tudo para alegrar e proteger a menina (até mesmo, posteriormente, trabalhar como eletricista na mansão de Ozzy Osbourne, um ótimo cover brasileiro do vocalista do Black Sabbath)).

Quando finalmente se habituou à vida de pai, Juca recebe a visita da mãe verdadeira. Depois de alguns momentos agradáveis com a garota, a mãe resolve pedir a guarda da menina, oficialmente, na justiça, alegando que o trabalho do pai é muito perigoso; e, por isso, quer que Emma vá morar com ela e a companheira (Brenda encontrou o amor em outra mulher; tema este que é abordado com respeito, mas que não acrescenta nada à trama), em Nova York.

O comediante Leandro Hassum sempre foi um campeão de bilheteria no Brasil, com uma série de comédias de sucesso (especialmente a cinessérie Até que a Sorte nos Separe, 2012; Até que a Sorte nos Separe 2, 2013; e Até que a Sorte nos Separe 3: A Falência Final, 2015).

Aqui ele está especialmente bem (assim como todo o elenco de apoio, principalmente as crianças), e a trama apresenta um bom equilíbrio entre a comédia e o drama sensível (mesmo sendo difícil acreditar que Hassum seja um conquistador inveterado).

O problema da Comédia Nacional sempre foi o roteiro, mesmo sendo um “remake”: a maioria das cenas não são muito engraçadas (o melhor momento criativo é quando as histórias, supostamente escritas pela mãe, são narradas em forma de animação em um caderno); os coadjuvantes, apesar de simpáticos, também não contribuem muito para as piadas (o casal de amigos, o produtor chefe, o cobrador do conserto do elevador, a participação do roqueiro Ozzy Osbourne fake (falso), as famigeradas piadas de gases no banheiro, a brincadeira com o amuleto que faz voltar à vida); e o final triste acaba sendo um pouco desanimador (apesar de ser tocante).

Mas, o filme aborda assuntos importantes como família, paternidade, abandono, solidão, amizade, como criar uma criança sozinho, o respeito às diversidades, a brevidade da vida; entre outros.

Tinha potencial. Mas, como brasileiro gosta muito da Comédia Nacional, se você não exigir demais, é capaz de se emocionar.

Para quem gosta de filmes de crianças ou bebês, recomendo as sempre ótimas comédias:

Esqueceram de Mim (Home Alone, 1990), de Chris Columbus, roteiro de John Hughes, com Macaulay Culkin, Joe Pesci, Daniel Stern, John Heard, Catherine O’Hara, John Candy.

Esqueceram de Mim 2: Perdido em Nova York (Home Alone 2: Lost in New York, 1992), de Chris Columbus, roteiro de John Hughes, com Macaulay Culkin, Joe Pesci, Daniel Stern, John Heard, Catherine O’Hara, Tim Curry.

[a cinessérie ainda continuou com Esqueceram de Mim 3 (Home Alone 3, 1997), de Raja Gosnell; Esqueceram de Mim 4 (Home Alone 4, 2002), de Rod Daniel (feito para a TV); Esqueceram de Mim 5 (Home Alone: The Holiday Heist, 2012), de Peter Hewitt (também feito para a TV)].

Ninguém Segura Este Bebê (Baby’s Day Out, 1994), de Patrick Read Johnson, roteiro de John Hughes, com Joe Mantegna, Lara Flynn Boyle, Joe Pantoliano, e os bebês gêmeos: Adam Robert Worton/Jacob Joseph Worton.

O Pestinha (Problem Child, 1990), de Dennis Dugan, com Michael Oliver, John Ritter, Jack Warden, Gilbert Gottfried, Amy Yasbeck.

O Pestinha 2 (Problem Child 2, 1991), de Brian Levant, com Michael Oliver, Ivyann Schwan, John Ritter, Jack Warden, Gilbert Gottfried, Amy Yasbeck, Laraine Newman.

[a cinessérie ainda teve mais um exemplar feito para a TV: O Pestinha 3 (Problem Child 3: Junior in Love, 1995), de Greg Beeman, com Justin Chapman, William Katt, Sherman Howard, Gilbert Gottfried, Jack Warden].

Conta Comigo (Stand by Me, 1986), de Rob Reiner, baseado na obra de Stephen King, com River Phoenix, Corey Feldman, Wil Wheaton, Jerry O’Connell, Kiefer Sutherland.

Sem Licença para Dirigir (License to Drive, 1988), de Greg Beeman, com Corey Haim, Corey Feldman, Heather Graham, Richard Masur, Carol Kane.

A Inocência do Primeiro Amor (Lucas, 1986), de David Seltzer, com Corey Haim, Kerri Green, Charlie Sheen, Courtney Thorne-Smith, Winona Ryder.

Operação Cupido (The Parent Trap, 1998), de Nancy Meyers, baseado na obra de Erich Kästner, com Lindsay Lohan, Dennis Quaid, Natasha Richardson, Elaine Hendrix [esta produção é uma refilmagem de O Grande Amor de Nossas Vidas (The Parent Trap, 1961), de David Swift, também baseado na obra de Erich Kästner, com Hayley Mills, Maureen O’Hara, Brian Keith; os Estúdios Disney ainda produziram 3 sequências para a TV: Operação Cupido 2 (The Parent Trap II (1986)), de Ron Maxwell; Operação Cupido 3 (The Parent Trap III (1989)), de Mollie Miller; e Lua de Mel no Havaí (The Parent Trap IV: Hawaiian Honeymoon (1989)), também de Mollie Miller].

Os Goonies (The Goonies, 1985), de Richard Donner, roteiro de Chris Columbus, produção de Steven Spielberg, com Sean Astin, Josh Brolin, Jeff Cohen, Corey Feldman, Ke Huy Quan, Anne Ramsey, Robert Davi, Joe Pantoliano.

Meu Primeiro Amor (My Girl, 1991), de Howard Zieff, com Anna Chlumsky, Macaulay Culkin, Dan Aykroyd, Jamie Lee Curtis [o filme possui uma continuação: Meu Primeiro Amor: Parte 2 (My Girl 2, 1994), de Howard Zieff, com Anna Chlumsky, Austin O’Brien, Dan Aykroyd, Jamie Lee Curtis].

Para um público menos exigente, podemos sugerir:

Dennis, o Pimentinha (Dennis the Menace, 1993), de Nick Castle, roteiro de John Hughes (baseado nos personagens criados por Hank Ketcham), com Walter Matthau, Mason Gamble, Joan Plowright, Christopher Lloyd, Lea Thompson [o filme possui as sequências feitas para Home Video: Dennis, o Pimentinha Ataca Novamente (Dennis the Menace Strikes Again!, 1998), de Charles T. Kanganis; O Natal de Dennis, o Pimentinha (A Dennis the Menace Christmas, 2007), de Ron Oliver].

A Malandrinha (Curly Sue, 1991), direção e roteiro de John Hughes, com James Belushi, Alisan Porter, Kelly Lynch.

Matilda (Matilda, 1996), de Danny DeVito (baseado na obra de Roald Dahl), com Danny DeVito, Rhea Perlman, Mara Wilson.

Os Batutinhas (The Little Rascals, 1994), de Penelope Spheeris, com Travis Tedford, Bug Hall, Brittany Ashton Holmes, Blake Jeremy Collins, Jordan Warkol, Zachary Mabry, Kevin Jamal Woods, Ross Bagley, Courtland Mead, Sam Saletta, Juliette Brewer, Heather Karasek [o filme teve uma sequência direta para Home Video: Os Batutinhas: Uma Nova Aventura (The Little Rascals Save the Day, 2014), de Alex Zamm, com Doris Roberts, Greg Germann, Lex Medlin, Valerie Azlynn, Jet Jurgensmeyer, Drew Justice, Connor Berry, Isaiah Fredericks, Camden Gray, Jenna Ortega, Eden Wood, Grant Palmer].

As crianças menores podem tentar os simpáticos:

Olha Quem está Falando (Look Who’s Talking, 1989), de Amy Heckerling, com John Travolta, Kirstie Alley, Olympia Dukakis, Bruce Willis (voz de Mikey).

Olha Quem está Falando Também (Look Who’s Talking Too, 1990), também de Amy Heckerling, novamente estrelado por John Travolta, Kirstie Alley, Olympia Dukakis, Bruce Willis (voz de Mikey).

Olha Quem está Falando Agora! (Look Who’s Talking Now, 1993), de Tom Ropelewski, com John Travolta, Kirstie Alley, David Gallagher, Tabitha Lupien, Olympia Dukakis, Danny DeVito (voz de Rocks), Diane Keaton (voz de Daphne).

Também recomendo o divertido filme brasileiro:

Menino Maluquinho: O Filme (1995), de Helvecio Ratton, baseado na obra de Ziraldo, com Samuel Costa, Patricia Pillar, Roberto Bomtempo, Luiz Carlos Arutin, Hilda Rebello [o filme possui uma continuação: Menino Maluquinho 2: A Aventura (1998), de Fernando Meirelles (diretor de Cidade de Deus (2002)), Fabrizia Pinto, com Samuel Costa, Fernando Alves Pinto, Pedro Bismark, Samuel Brandão, Stênio Garcia, Cláudio Cavalcanti, Nelson Dantas; possui uma variação, também baseado na obra de Ziraldo: Uma Professora Muito Maluquinha (2011), de Andre Alves Pinto, César Rodrigues, com Paolla Oliveira, Chico Anysio, Suely Franco].

Divirta-se!

Fontes: IMDb, Alebrije Cine y Video, Brazil Production Services, Figura Media, Fox International Productions, Rede Telecine, Total Entertainment, 20th Century Fox Brazil, Fox Film do Brasil.