Críticas │ Sicario: Terra de Ninguém (2015)

Sicario: Terra de Ninguém (2015)Sicario

EUA, 2015. 2h1min. Classificação Indicativa: 16 anos. Direção: Denis Villeneuve. Roteiro: Taylor Sheridan. Elenco: Emily Blunt (Kate Macer), Benicio Del Toro (Alejandro), Josh Brolin (Matt Graver), Daniel Kaluuya (Reggie Wayne), Victor Garber (Dave Jennings), Jon Bernthal (Ted).

Um bom filme policial, denso, forte e tenso, do talentoso diretor canadense Denis Villeneuve (que faria depois o ótimo Blade Runner 2049 (Blade Runner 2049, 2017), continuação do clássico de Ridley Scott, Blade Runner, o Caçador de Andróides (Blade Runner, 1982)).

A obra já começa com grande impacto: em Chandler, Arizona, uma equipe da SWAT avança em uma casa onde suspeitam que reféns estão sendo mantidos pelo líder do cartel mexicano Sinoloa, Manuel Diaz (Bernardo Sacarino).

Kate Macer (Emily Blunt, em um dramático e sofrido personagem), é uma agente do FBI americano, encarregada da equipe de resposta ao sequestro, e seu parceiro Reggie Wayne (Daniel Kaluyya), encontram vários corpos escondidos nas paredes do esconderijo, com sacos plásticos sobre as cabeças dos cadáveres, em vários estágios de decomposição.

Quando a violência das drogas piora na fronteira do México com os EUA, o FBI envia, então, a honesta e ingênua Kate, em uma missão para erradicar o cartel de drogas responsável por uma bomba que matou membros de sua equipe.

Nos escritórios do FBI em Phoenix, Kate conhece Matt Graver (Josh Brolin). Ele está encarregado da operação para capturar Manuel Diaz. Kate é convidada a participar da equipe como consultora, e ela concorda em se voluntariar para prender os homens responsáveis ​​pelas mortes que ela testemunhou naquele dia.

A bordo do jato federal para um vôo, ela conhece um misterioso homem de língua espanhola, que se apresenta como Alejandro (Benicio Del Toro), um suposto promotor de Cartagena, na Colômbia.

A equipe chega em El Paso e são escoltados por uma grande força de policiais mexicanos, fortemente armados. Eles evitam um tiroteio a caminho de uma prisão, onde encontra-se o prisioneiro Guillermo (Edgar Arreola), irmão de Diaz, e tentam retornar à fronteira.

A equipe dirige até a lotada fronteira de entrada dos EUA, são mantidos por longas filas, cheios de pessoas suspeitas, quando o comboio é atacado por membros da gangue do cartel de drogas. Kate também atira em um bandido que se aproximou de seu veículo.

No lado norte-americano da fronteira, eles entram em uma prisão. Kate argumenta com Matt Graver como a missão está sendo conduzida. Mas, Matt prefere assistir Alejandro torturar Guillermo (depois, é determinada a localização de um túnel secreto sob a fronteira, que os levará ao chefe do cartel).

As sequências são muito bem realizadas: a ótima invasão inicial, a descoberta dos corpos nas paredes e a repentina explosão; o suspense em toda a cena do tiroteio na fronteira; a prisão da mulher no banco que tentava lavar dinheiro e a futura tentativa de estrangulamento de Kate; o ataque dentro do túnel do cartel de drogas; as descobertas finais. Kate descobre que Alejandro não é um agente federal mexicano, mas um assassino (no México, a palavra Sicario significa “assassino de aluguel”), originalmente um membro do cartel colombiano (ele foi contratado pela CIA para capturar o chefe de Diaz, Fausto Alarcon (Julio Cedillo), chefe local do cartel mexicano de Sinaloa (o cartel que decapitou a esposa de Alejandro e jogou sua filha em um tanque de ácido)).

Além da tensão na cena do carro de polícia entre Alejandro, o policial mexicano, Silvio (que tem um filho que gosta de jogar futebol), e Diaz; a vingança contra Fausto Alarcon (envolvendo também sua mulher e seus dois filhos), na mesa de jantar.

Importantes temas são tratados no filme: a violência nas regiões e cidades mais pobres; o tráfico de drogas envolvendo cartéis sanguinários e, consequentemente, o envolvimento de inocentes; a burocracia dos órgãos oficiais; a corrupção policial dos dois países; e as regras da Lei que não se aplicam; entre outros.

O filme consegue também reunir um elenco excepcional: Emily Blunt (O Retorno de Mary Poppins (Mary Poppins Returns, 2018)); Benicio Del Toro (prêmio Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Traffic: Ninguém Sai Limpo (Traffic, 2000)); Josh Brolin (o Cable de Deadpool 2 (Deadpool 2, 2018)); Daniel Kaluuya (do [duvidoso] premiado terror Corra! (Get Out, 2017)).

A parte técnica também é boa, especialmente a Direção de Fotografia (reforçando belas paisagens em meio ao caos instituído), de Roger Deakins, que fez Blade Runner 2049 (Blade Runner 2049, 2017), também com o diretor Villeneuve.

A produção custou $30 milhões e rendeu, mundialmente, $84,872,444. A continuação do filme chama-se Sicário: Dia do Soldado (Sicario: Day of the Soldado, 2018).

Bastante parecido com os excelentes Filmes Policiais brasileiros sobre corrupção na polícia; abusos e brutalidades em favelas.

Para quem gosta do tema, recomendo:

Serpico (Serpico, 1973), de Sidney Lumet, produção de Dino De Laurentiis, roteiro de Waldo Salt, Norman Wexler (baseado no livro de Peter Maas), com Al Pacino, John Randolph, Jack Kehoe.

Scarface (Scarface, 1983), de Brian De Palma, roteiro de Oliver Stone, com Al Pacino, Michelle Pfeiffer, Steven Bauer, Robert Loggia, Mary Elizabeth Mastrantonio, Paul Shenar, Harris Yulin.

Traffic: Ninguém Sai Limpo (Traffic, 2000), de Steven Soderbergh, com Michael Douglas, Benicio Del Toro, Catherine Zeta-Jones, Dennis Quaid, Don Cheadle, Luis Guzmán.

O Gângster (American Gangster, 2007), de Ridley Scott, com Denzel Washington, Russell Crowe, Chiwetel Ejiofor, Josh Brolin.

O Senhor das Armas (Lord of War, 2005), de Andrew Niccol, com Nicolas Cage, Ethan Hawke, Jared Leto, Bridget Moynahan.

Dia de Treinamento (Training Day, 2001), de Antoine Fuqua, com Denzel Washington, Ethan Hawke, Scott Glenn, Tom Berenger, Harris Yulin.

Trainspotting – Sem Limites (Trainspotting, 1996), de Danny Boyle, baseado na obra de Irvine Welsh, com Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Robert Carlyle, Kelly Macdonald [o filme recebeu uma continuação: Trainspotting 2 (T2 Trainspotting, 2017), do mesmo diretor Danny Boyle, também com Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Robert Carlyle, Kelly Macdonald].

O Ano do Dragão (Year of the Dragon, 1985), de Michael Cimino, roteiro de Oliver Stone (baseado na obra de Robert Daley), produção de Dino De Laurentiis, com Mickey Rourke, John Lone, Ariane.

Amor à Queima Roupa (True Romance, 1993), de Tony Scott, roteiro de Quentin Tarantino, com Christian Slater, Patricia Arquette, Dennis Hopper, Christopher Walken, Gary Oldman, Bronson Pinchot, James Gandolfini, Brad Pitt.

Existe uma obra premiada chamada Onde os Fracos não Têm Vez (No Country for Old Men, 2007), dos irmãos Ethan Coen, Joel Coen, com Tommy Lee Jones, Javier Bardem, Josh Brolin, Woody Harrelson, Kelly Macdonald; mas, o final é abrupto, e, por conseguinte, estranho [sendo assim, fica por sua conta e risco].

Recomendo também os ótimos filmes brasileiros (verdadeiras obras-primas):

Tropa de Elite (2007), de José Padilha, roteiro de Bráulio Mantovani (baseado na obra de Rodrigo Pimentel), com Wagner Moura, André Ramiro, Caio Junqueira, Milhem Cortaz, Fernanda Machado, Maria Ribeiro.

Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, roteiro de Bráulio Mantovani (baseado na obra de Paulo Lins), com Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino, Matheus Nachtergaele, Douglas Silva, Jonathan Haagensen, Seu Jorge, Alice Braga.

Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro (2010), também de José Padilha, roteiro de Bráulio Mantovani (baseado na história de Rodrigo Pimentel), com Wagner Moura, Irandhir Santos, André Ramiro, Milhem Cortaz, Maria Ribeiro, Sandro Rocha, Seu Jorge.

Divirta-se!

Fontes: IMDb, Box Office Mojo, Black Label Media, Lionsgate, Thunder Road Pictures, ParisFilmes.