Críticas │ Sobrenatural: A Última Chave (2018)

Sobrenatural: A Última Chave (2018) Insidious: The Last Key

EUA, 2018. 1h43min. Classificação Indicativa: 14 anos. Direção: Adam Robitel. Roteiro: Leigh Whannell (baseado nos personagens criados pelo próprio Leigh Whannell). Elenco: Lin Shaye (Elise Rainier, senhora), Ava Kolker (Elise Rainier, criança), Hana Hayes (Elise Rainier, jovem), Leigh Whannell (Specs), Angus Sampson (Tucker), Josh Stewart (Gerald Rainier), Tessa Ferrer (Audrey Rainier), Kirk Acevedo (Ted Garza), Bruce Davison (Christian Rainier), Caitlin Gerard (Imogen Rainier), Spencer Locke (Melissa Rainier), Aleque Reid (Anna), Javier Botet (KeyFace, O Demônio das Chaves).

Por incrível que pareça, este Sobrenatural: A Última Chave (Insidious: The Last Key, 2018), é (até certo ponto), bastante interessante. Realmente, (até) surpreendente!

A franquia “Insidious” ia de mal a pior, com um terceiro capítulo que não deixou uma boa impressão. O primeiro Sobrenatural (Insidious, 2010), de James Wan, custou apenas $1.5 milhão e rendeu, mundialmente, $97,009,150 milhões. O segundo Sobrenatural: Capítulo 2 (Insidious: Chapter 2, 2013), também de James Wan, teve orçamento de $5 milhões e lucrou mais: $161,919,318. O terceiro exemplar, Sobrenatural: A Origem (Insidious: Chapter 3, 2015), de Leigh Whannell (também ator da franquia), já custou $10 milhões e rendeu $112,983,889.

Neste quarto filme da cinessérie, agora dirigido por Adam Robitel, o orçamento foi também de $10 milhões e já ultrapassou $166,689,842, mundialmente. Conclusão: são filmes muito baratos (para os padrões norte-americanos), e que dão enorme lucro para seus produtores.

O diretor malasiano (ou malaio), James Wan (Velozes & Furiosos 7 (Furious Seven, 2015)), criou algumas das franquias de terror de maior repercussão da atualidade, como os bons “Jogos Mortais” (Saw), os bons “Invocação do Mal” (The Conjuring), e os péssimos “Sobrenatural” (Insidious).

Na verdade, a franquia “Insidious” sempre foi muito ruim e por um grave motivo: a captação de imagem parecendo digital de baixa qualidade, na hora da gravação, dava a impressão, quando da exibição, de ser um “vídeo amador” (e não uma qualidade boa como as películas 35 mm), fazendo com que os filmes parecessem Mockumentaries, ou falsos documentários, estilo de imagem adotada em produções de baixíssimo orçamento, como os filmes das séries (também péssimos) “A Bruxa de Blair” e “Atividade Paranormal”, (considerados filmes oportunistas, por valerem-se da transição do Cinema Fotográfico para o Cinema Digital, ainda, no período, da baixa qualidade).

Para piorar trazia um alívio cômico ridículo, uma dupla de “patetas”, que era uma espécie de “Caça-Fantasmas vestidos de “Cães de Aluguel” que enfrentam Poltergeist” (apesar do bom elenco; bom suspense; e dos monstros: Lipstick-Face Demon/o Demônio do Rosto de Fogo; e, posteriormente, Bride in Black/a Noiva de Preto).

Aqui, o roteiro decide (corretamente), ter como ponto central da narrativa, a médium parapsicóloga benevolente, Elise Rainier (interpretada pela ótima, Lin Shaye), já que é a personagem mais interessante da série, que tem como missão de vida ajudar pessoas assombradas por entidades demoníacas.

O filme começa com a personagem ainda criança; mostrando o lugar onde morava (era ao lado de uma prisão que executava seus condenados na cadeira elétrica); como sofria com os maus-tratos do pai incompreensivo e punitivo, por ter o “dom” (ou maldição) de ver fantasmas; a proteção carinhosa da mãe; e a relação com o irmão (em uma época em que o comunismo estava em ascensão (por isso, a casa tem uma espécie de bunker, um quarto anti-bombas no porão)). Sendo assim, temos uma personagem bem construída, fato este que ajuda muito no desenrolar da trama.

Já senhora, Elise, acaba tendo que voltar para sua antiga casa para ajudar o novo morador, um homem que está sendo assombrado por um espírito maligno. Assim, ela acaba confrontando fantasmas do passado, ao ser contratada para resolver um caso paranormal na casa onde cresceu, sempre ajudada pela dupla Tucker e Specs, vividos por Angus Sampson (da Série de TV, Fargo (Fargo, 2014-   )), e por Leigh Whannell (ator e coescritor de Jogos Mortais (Saw, 2004)).

Por conseguinte, a protagonista volta a encontrar-se com o irmão Christian Rainier (Bruce Davison, o senador Kelly de X-Men: O Filme (X-Men, 2000)), e suas duas filhas, Imogen Rainier (Caitlin Gerard) e Melissa Rainier (Spencer Locke), que terão papel importante no desenvolvimento do enredo.

Durante a projeção, o filme, a todo momento deixa o espectador tenso pela imprevisibilidade dos sustos e dos jump scares (seja pelo som ou pela imagem dos monstros/demônios/entidades aparecendo abruptamente pegando o público de surpresa); o diretor Adam Robitel, cria boa tensão e uma atmosfera assustadora; bom trabalho de Fotografia (especialmente na escuridão, influência direta de James Wan).

É uma pena que a dupla de ajudantes “patetas”, trazem um alívio cômico e um humor, entre os momentos de terror, que quase destrói o clima e o suspense de algumas cenas (como a do hipnotismo). Infelizmente, as piadinhas dificilmente funcionam.

Agora, o que quase derruba o filme por pouco, é a explicação da história. Até certo ponto, os “grandes vilões” do filme são os próprios seres-humanos. Depois, descobrimos que estes seres-humanos, na verdade, eram “fantoches”, do grande demônio do longa: o KeyFace, O Demônio das Chaves.

Ficou parecendo um pouco com a trama de A Hora do Pesadelo 2: A Vingança de Freddy (A Nightmare on Elm Street Part 2: Freddy’s Revenge, 1985), na qual Freddy Krueger, manipulava um jovem e fazia-o matar para ele, enquanto o monstro alimentava-se do pânico e do medo das pessoas.

Isso faz com que se tire grande parte do impacto da resolução final que o filme precisava: quer coisa mais assustadora do que a crueldade que o ser-humano é capaz?

Mas, se você não for muito exigente e gostar desta cinessérie “Insidious”, é capaz que você se divirta com este quarto capítulo.

Quase um filme muito bom!

Se você gosta de filmes do subgênero Casas Mal-Assombradas com espíritos e demônios, recomendo os clássicos oitentistas:

Poltergeist: O Fenômeno (Poltergeist, 1982), de Tobe Hooper, produção de Steven Spielberg, estrelado por JoBeth Williams, Heather O’Rourke, Craig T. Nelson.

A Casa do Espanto (House, 1985), de Steve Miner, história de Fred Dekker, produção de Sean S. Cunningham, com William Katt, Kay Lenz, George Wendt.

Terror em Amityville (Amityville II: The Possession, 1982), de Damiano Damiani, roteiro de Tommy Lee Wallace, produção de Dino De Laurentiis, com Jack Magner, Burt Young, Rutanya Alda, Diane Franklin, James Olson.

Divirta-se!

Fontes: IMDb, Box Office Mojo, Blumhouse Productions, Entertainment One, LStar Capital, Stage 6 Films, Sony Pictures Worldwide Acquisitions (SPWA), Sony Pictures Brasil.

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