Críticas │ Exorcismos e Demônios (2017)

Exorcismos e Demônios (2017) The Crucifixion

USA/UK/ROM, 2017. 1h30min. Classificação Indicativa: 14 anos. Direção: Xavier Gens. Roteiro: Chad Hayes, Carey W. Hayes. Elenco: Sophie Cookson (Nicole Rawlins), Corneliu Ulici (Padre Anton), Brittany Ashworth (Irmã Vaduva), Ada Lupu (Irmã Adelina Marinescu).

Sempre é difícil aceitar um filme sobre exorcismo depois do clássico absoluto O Exorcista (The Exorcist, 1973), de William Friedkin; com Ellen Burstyn, Max von Sydow, Linda Blair, Jason Miller; baseado na obra de William Peter Blatty [ainda mais depois de tantas continuações e imitações, uma pior que a outra].

O período da História do Cinema que compreende, por volta de 2000-2020, corresponde a três grandes safras: os (ótimos) filmes da Marvel; os (ótimos) filmes de animação da Pixar; e os (péssimos) filmes de terror, especialmente as refilmagens.

A geração também é outra: diretores incompetentes, efeitos visuais digitais CGI que tiram o realismo de qualquer cena, produtores que só pensam em ganhar dinheiro, e não sabem o que é Arte.

Este Exorcismos e Demônios (2017), supostamente baseado em fatos reais, é dirigido pelo francês Xavier Gens (da competente adaptação de videogame Hitman – Assassino 47 (Hitman, 2007)), e é produzido por Chad Hayes e Carey W. Hayes (dupla (irmãos gêmeos), que escreveram a boa cinessérie, também de terror, “Invocação do Mal”: Invocação do Mal (The Conjuring, 2013); Invocação do Mal 2 (The Conjuring 2, 2016); e coproduziram o spin-off (filme derivativo), Annabelle (Annabelle, 2014) [existe também uma continuação: Annabelle 2: A Criação do Mal (Annabelle: Creation, 2017)]).

Aqui, nem sinal de muito talento (foi lançado no Brasil apenas em 19 de abril de 2018): em 2005, um padre e quatro irmãs, membros do clero romeno, são condenados à prisão após a morte de uma freira, durante um exorcismo. Uma jornalista, Nicole Rawlins (Sophie Cookson, da cinessérie “Kingsman”: Kingsman: Serviço Secreto (Kingsman: The Secret Service, 2014); Kingsman: O Círculo Dourado (Kingsman: The Golden Circle, 2017); muito nova para o papel e completamente sem carisma), investiga se o padre responsável pelo exorcismo, assassinou uma pessoa mentalmente doente, ou se apenas perdeu uma batalha contra uma presença demoníaca.

Ela é ajudada por um outro clérigo, padre Anton (Corneliu Ulici; que também serve como interesse romântico (!)), já que a mesma perdeu a mãe com câncer e não acredita mais em Deus.

Assim, temos uma protagonista descrente [a morte da mãe cria um conflito de crença]; um padre que tenta faze-la acreditar em Deus e recuperar a fé; muito diálogo e pouco suspense; muita investigação e pouca ação; narrativa cansativa; belas paisagens da Romênia; algumas tentativas de sustos provocados por barulhos ou objetos em movimento; situações já vistas anteriormente que não funcionam: ruídos altos para sustos fáceis, vozes grossas demonizadas, lentes pretas nas pessoas possuídas; força descomunal dos endiabrados; sombras de pessoas nas janelas; luzes apagando e acendendo; portas que se abrem e se fecham; efeitos CGI que não dão medo em ninguém; até chegar ao exorcismo final envolvendo chuva (onde o filme melhora um pouquinho), mas sem o impacto que a película precisava.

Atrapalha bastante a inconclusão da resolução no finalzinho do filme (as perguntas sem muitas respostas; quem transferiu o demônio para a atriz principal no final do filme para se ter o exorcismo desta protagonista tão bisbilhoteira?), o que o deixa insatisfatória e confusa a obra como um todo, que já estava sofrível.

Totalmente, esquecível e descartável.

Que saudade dos infinitos clássicos de terror da década de 1980!

Para quem se interessa pelo subgênero Possessão Demoníaca, recomendo:

O Exorcista (The Exorcist, 1973), de William Friedkin; com Ellen Burstyn, Max von Sydow, Linda Blair, Jason Miller; baseado na obra de William Peter Blatty {existe uma “versão do diretor”: The Exorcist: The Version You’ve Never Seen, com algumas cenas a mais do que as mostradas originalmente nos cinemas}.

[para quem quiser arriscar, as continuações/imitações/prólogos são, progressivamente inferiores: O Exorcista II: O Herege (Exorcist II: The Heretic, 1977), de John Boorman, com Richard Burton, Linda Blair, Louise Fletcher; O Exorcista III (The Exorcist III, 1990), de William Peter Blatty (autor do primeiro filme), com George C. Scott, Ed Flanders, Brad Dourif, Jason Miller (o padre Karras do primeiro filme; aqui como o personagem, Paciente X) – {existe uma versão “corte do diretor”: The Exorcist III: Legion (2016)}; Exorcista – O Início (Exorcist: The Beginning, 2004), de Renny Harlin, com Stellan Skarsgård, Izabella Scorupco, James D’Arcy {existe uma “versão do diretor”, Domínio: Prequela do Exorcista (Dominion: Prequel to the Exorcist, 2005), de Paul Schrader, Stellan Skarsgård, Gabriel Mann, Clara Bellar}; e uma paródia com a própria Linda Blair (do primeiro filme), A Repossuída (Repossessed, 1990), de Bob Logan, com Leslie Nielsen, Linda Blair, Ned Beatty]

A Morte do Demônio ou Uma Noite Alucinante (The Evil Dead, 1981), de Sam Raimi, com Bruce Campbell.

[as continuações são ótimas: Uma Noite Alucinante ou Uma Noite Alucinante 2 (Evil Dead II, 1987) [é Terrir: terror cômico]; Uma Noite Alucinante 3 (Army of Darkness, 1992) [é Comédia de Terror]; [todas de Sam Raimi, com Bruce Campbell]; a boa refilmagem do original, A Morte do Demônio (Evil Dead, 2013), de Fede Alvarez, com Jane Levy, Shiloh Fernandez, Jessica Lucas; e a divertida Série de TV [também é Comédia de Terror], Ash vs Evil Dead (Ash vs Evil Dead, 2015-   ), também com Bruce Campbell, e produção de Sam Raimi]

Existe também uma versão italiana de O Exorcista (The Exorcist, 1973), com a possuída já adulta, chamada O Anticristo (L’anticristo, 1974), de Alberto De Martino, com Carla Gravina, Mel Ferrer, Arthur Kennedy. Há também um cult da década de 1990, do período que especulava-se o fim do mundo, Stigmata (Stigmata, 1999). Agora, para quem quiser um filme mais “sério”, pode tentar o drama de terror de tribunal, O Exorcismo de Emily Rose (The Exorcism of Emily Rose, 2005), de Scott Derrickson, com Laura Linney, Tom Wilkinson, Jennifer Carpenter.

Divirta-se!

Fontes: IMDb, Lionsgate Entertainment, Lotus Entertainment, Grindstone Entertainment Group, Motion Picture Capital, Poznan Film Group, Premiere Picture, The Safran Company, Imagem Filmes, Califórnia Filmes, Telecine.