Críticas │ Os Farofeiros (2018)

Os Farofeiros (2018)

BRA, 2018. 1h43min. Classificação Indicativa: 12 anos. Direção: Roberto Santucci. Roteiro: Paulo Cursino, Odete Damico. Elenco: Antônio Fragoso (Alexandre), Maurício Manfrini (Lima), Charles Paraventi (Rocha), Nilton Bicudo (Diguinho), Cacau Protásio (Jussara), Danielle Winits (Renata), Elisa Pinheiro (Vanete), Aline Riscado (Elen), Ana Cecília Banal (Anita), Théo Medon (Fabinho), Duda Batista (Tininha), Gabriel Rocha (Pitoco), Nathália Costa (Karolayne), Melissa Nobrega (Bebela).

É impressionante o número de longas-metragens que o diretor Roberto Santucci consegue realizar (às vezes 2 lançamentos em 1 ano só). Ele é responsável pelos sucessos das cinesséries: “De Pernas pro Ar” (De Pernas pro Ar (2010) e De Pernas pro Ar 2 (2012), com a ótima Ingrid Guimarães); “Até que a Sorte nos Separe” (Até que a Sorte nos Separe (2012), Até que a Sorte nos Separe 2 (2013), Até que a Sorte nos Separe 3: A Falência Final (2015), com o simpático comediante Leandro Hassum); além de Odeio o Dia dos Namorados (2013); O Candidato Honesto (2014), também com Leandro Hassum; Loucas pra Casar (2015), também com Ingrid Guimarães; Qualquer Gato Vira-Lata 2 (2015); Um Suburbano Sortudo (2016). Desde então, seus filmes têm obtido as maiores bilheterias do Cinema Nacional, ano após ano.

Também é impressionante o número de comédias ruins que o Cinema Brasileiro consegue realizar. Normalmente, vulgares, com piadas de mau gosto, apelativas, verborrágicas, sem sensibilidade e imaginação, e, sobretudo, sem graça.

Mas, o mais impressionante é que o público adora a comédia nacional. Apesar de não serem boas obras cinematográficas, não terem roteiros interessantes ou criativos, e serem visualmente pobres, os expectadores brasileiros enchem os cinemas e identificam-se com sua própria cultura (orgulhando-se dela), suas mazelas (e riem disso) e ficam extremamente satisfeitos com o resultado final.

Isso é ótimo para nosso Cinema, que, praticamente, tinha cessado suas operações na década de 1980 e começou a recuperar-se em meados de 1990, denominado Cinema da Retomada, iniciado com Carlota Joaquina: Princesa do Brazil (1995), de Carla Camurati.

Aqui, o filme conta a história da grande roubada na qual quatro colegas de trabalho e suas famílias se metem ao viajar para uma casa na praia alugada para o feriadão de ano novo.

Alexandre (Antônio Fragoso), Lima (Maurício Manfrini, conhecido pelo personagem Paulinho Gogó), Rocha (Charles Paraventi) e Diguinho (Nilton Bicudo), enfrentam engarrafamentos quilométricos em carros apertados, ataques de mosquitos, piscinas imundas, chuveiro que dá choque, muita discussão e disputas por um espaço na areia de praias lotadas. Nada parece dar certo na viagem…

Os planos de um passeio perfeito vão definitivamente por água abaixo quando descobrem que a casa que alugaram estava abandonada e caindo aos pedaços. Sem ter para onde ir, eles irão se meter em confusões e ainda terão que administrar os problemas de convivência para superar aquele que será o feriado mais infernal de suas vidas, sempre narrado pelo menino Théo Medon (Fabinho).

Logo, os 4 casais se definem: Antônio Fragoso e Danielle Winits; Maurício Manfrini e Cacau Protásio; Charles Paraventi e Elisa Pinheiro; Nilton Bicudo e a estonteante Aline Riscado (os atores possuem carisma, são entrosados e tem “boa química”). Jussara é a suburbana barraqueira, Renata é a dondoca à beira de um ataque de nervos, Vanete é a doce esposa grávida e Elen é a namorada sensual.

Para complicar ainda mais, Alexandre (Antônio Fragoso) recebe uma promoção na empresa onde trabalha com os amigos e irá precisar demitir um deles. Aí, acontece de tudo: amigos bajuladores, os casais que vivem gritando (são histriônicos e exagerados), tem as invariáveis “piadas de banheiro” (aquele show de horrores de sempre) e, cada personagem guarda um segredo, que será revelado no final, quando tudo finalmente se acerta.

É uma pena que as piadas não funcionem (nem a tentativa de metalinguagem, na curiosa cena do cinema; ou quando Winits sai da piscina coberta de lodo, emulando um filme de terror; ou a cena quando os mosquitos conversam: uma boa ideia, mas que resulta de gosto duvidoso). Tem a mesma premissa de uma outra comédia nacional, igualmente ruim, A Noite da Virada (2014), com Marcos Palmeira e Luana Piovani.

Esperamos que, pelo menos na comédia cinematográfica brasileira, quantidade vire, o mais rápido possível, qualidade.

Para quem gosta de filmes de confusões em praias/hotéis/resorts, indico os divertidos Férias do Barulho (Private Resort, 1985), com Johnny Depp, Rob Morrow; e Curso de Verão (Summer School, 1987), com Mark Harmon, Kirstie Alley; ambos já exibidos na televisão aberta [também recomendo o ótimo Gremlins 2: A Nova Geração (Gremlins 2: The New Batch, 1990) [que se passa todo em um hotel], de Joe Dante, produção de Steven Spielberg, com Zach Galligan, Phoebe Cates].

Agora, se você gosta daqueles filmes onde tudo dá errado, pode experimentar Um Dia a Casa Cai (The Money Pit, 1986), com o ótimo Tom Hanks; Férias Frustradas (National Lampoon’s Vacation, 1983), de Harold Ramis, escrita por John Hughes e estrelada por Chevy Chase [não confundir com a desastrosa tentativa de ressuscitar a franquia com Férias Frustradas (Vacation, 2015), com Ed Helms e Christina Applegate]; ou Depois de Horas (After Hours, 1985), do excelente diretor Martin Scorsese.

Divirta-se!

Fontes: IMDb, Camisa Listrada, Fox International Productions (FIP), Globo Filmes, Panorama Filmes, Rede Telecine, Downtown Filmes, Paris Video Filmes.