Críticas │ Amor Estranho Amor (1982)

Amor Estranho Amor (1982)

BRA, 1982. 1h37min. Classificação Indicativa: 18 anos. Direção: Walter Hugo Khouri. Roteiro: Walter Hugo Khouri. Elenco: Vera Fischer (Anna), Tarcísio Meira (Dr. Osmar (como Tarcisio Meira)), Xuxa (Tamara (como Xuxa Meneghel)), Íris Bruzzi (Laura (como Iris Bruzzi)), Otávio Augusto (Dr. Itamar (como Otavio Augusto)), Walter Forster (Hugo – adulto), Marcelo Ribeiro (Hugo – criança), Matilde Mastrangi (Olga), Mauro Mendonça (Dr. Benicio), Rubens Ewald Filho (Diplomata).

Obra-prima! O melhor filme de Walter Hugo Khouri. Uma pequena joia. Uma obra de arte, de imensa beleza e plasticidade (roteiro também de Walter Hugo Khouri) em um drama existencial.

São Paulo, 1937. Hugo é um adolescente de 12 anos, natural de Santa Catarina, que foi trazido pela avó para devolvê-lo à mãe, Anna, amante de Osmar, o político mais influente do estado.

Ela mora em uma mansão luxuosa com várias outras jovens, todas lideradas por Laura e servindo às manobras políticas de Osmar, que usa a casa para festas e orgias para impressionar e agradar possíveis aliados políticos (Política do Café com Leite).

A chegada do garoto coincide com o dia de uma grande festa de despedida que será entregue a Benício, o político mais influente e poderoso de outro estado, Minas Gerais.

Isso deixa Laura muito preocupada, porque ela não quer que nada saia errado. Assim, Hugo fica acomodado em um quarto no sótão, mas fica perambulando pela casa (especialmente descendo pelo fosso que era usado durante a Revolução para esconder pessoas), onde as circunstâncias o fazem sempre cercado por jovens, que começam a provocá-lo e até a desejá-lo.

Walter Forster faz Hugo adulto, um ministro e benfeitor público, que relembra as 48 horas que passou no casarão, que era um bordel onde sua mãe, Vera Fisher (Anna), era a preferida de um influente político, Tarcísio Meira (Dr. Osmar). Lembra Morangos Silvestres (Smultronstället/Wild Strawberries, 1957), de Ingmar Bergman.

São momentos fundamentais para sua vida, pois mostra o despertar de sua sexualidade (Complexo de Édipo) até a iniciação amorosa com sua própria mãe (a cena lembra a escultura Pietà de Michelangelo).

Os atores estão perfeitos: Tarcísio Meira e Vera Fischer comunicam expressões apenas com os olhos (através dos closes do diretor), Xuxa Meneghel se destaca pela beleza e espontaneidade. Temos aqui o striptease mais sensual da História do Cinema: Xuxa Meneghel dançando, vestida de ursinho, para ser dada ao outro político, Mauro Mendonça (Dr. Benicio).

Também outras cenas se destacam: o sonho do menino com várias mulheres; a transa entre Dona Anna e o Dr. Osmar; a orgia final; a insinuação incestuosa entre o menino e a mãe.

Tecnicamente o filme também é notável: o trabalho de fotografia de Antônio Meliande é simplesmente esplêndido, bem como a música de Rogério Duprat (o filme tem a participação especial da Tradicional Jazz Band). Excelente também a Direção de Arte e a Montagem (edição).

O crítico de cinema Rubens Ewald Filho (1945 – 2019) faz participação especial como um diplomata.

Sensível, de rara beleza, bom gosto e emoção!

Se você quiser conhecer mais sobre a obra do diretor Walter Hugo Khouri, poderá experimentar:

O Convite ao Prazer (1980), de Walter Hugo Khouri, com Sandra Bréa, Roberto Maya, Helena Ramos.

Eu (1987), de Walter Hugo Khouri, com Tarcísio Meira, Bia Seidl, Monique Lafond.

Eros, O Deus do Amor (1981), de Walter Hugo Khouri, com Lilian Lemmertz, Dina Sfat, Renée de Vielmond.

Divirta-se!

Fontes: IMDb, Cinearte Produções Cinematográficas, Cinearte Filmes, Embrafilme, CIC Vídeo.

Veja também Walter Hugo Khouri:

Críticas │ Eu (1987): Clique aqui!