Críticas │ Carcereiros: O Filme (2019)

Carcereiros: O Filme (2019)

BRA, 2019. 1h50min. Classificação Indicativa: 12 anos. Direção: José Eduardo Belmonte. Roteiro: Marçal Aquino, Fernando Bonassi, Dennison Ramalho, Marcelo Starobinas; (baseado no livro de Dráuzio Varella). Elenco: Rodrigo Lombardi (Adriano), Kaysar Dadour (Abdel Mussa), Milton Gonçalves (Dr. Gouveia), Tony Tornado (Valdir), Jackson Antunes (Comandante), Dan Stulbach (Dr. Sérgio), Rafael Portugal (Enfermeiro), Romulo Braga (Juarez), Giovanna Rispoli (Lívia Ferreira de Araújo).

Versão cinematográfica de Carcereiros, série de sucesso da televisão brasileira, produzida e exibida pelo serviço de streaming Globoplay.

Adriano (Rodrigo Lombardi) é um carcereiro íntegro e avesso à violência. Ele tenta garantir a tranquilidade no presídio em que trabalha, mesmo sofrendo com grandes dilemas familiares (a filha quer que ele deixe o emprego para se tornar professor de História, pois o serviço de carcereiro é muito perigoso).

A chegada de Abdel Mussa (Kaysar Dadour), um perigoso terrorista internacional, aumenta ainda mais a tensão no instável presídio, que já vive dias de terror por conta da luta entre duas facções criminosas.

Agora, Adriano terá que enfrentar uma invasão fortemente armada, além de controlar todos os passos de Abdel.

A transposição para o cinema perde um tanto de força daquela mostrada para a TV, mesmo o roteiro esforçando-se para deixar o expectador atento através de cenas de ação durante todo o tempo de projeção, uma atmosfera explosiva, mas a estética adotada para a tela grande não funciona: instabilidade na direção (muita câmera na mão, estética claustrofóbica, excesso de closes), tiroteios confusos, locais pouco iluminados, fotografia estilizada e iluminação recorrente à série de TV, fato este que, visualmente, deixa o filme um tanto cansativo (além de escuro e feio).

É louvável a tentativa de reviravolta final, mas o personagem do bom ator Rodrigo Lombardi, Adriano (personagem na qual se baseia toda a linha narrativa), é passível demais, o que reforça a fragilidade de certas partes do arquitetado roteiro (seu instinto é o de preservar o maior número de vidas possíveis, mesmo não sendo crível o fato que um terrorista internacional tenha que pernoitar em um presídio prestes a implodir), funcionando mais como um episódio especial transitório da série de TV.

Outro fato inacreditável é a invasão do presídio pelo comandante (Jackson Antunes), matando inúmeros carcereiros, guardas e presidiários, ou seja, uma operação de guerra, simplesmente para soltar um dos prisioneiros (!).

Ou seja, série é série e possui sua linguagem própria. Cinema é cinema, e possui outra linguagem: a Linguagem Cinematográfica. Então, no cinema, a linguagem tem que ser transposta da conexão televisiva para a cinematográfica.

Inspirado no livro Carcereiros de Drauzio Varella, Carcereiros – O Filme traz a realidade dos homens que mesmo sem estarem presos, passam seus dias atrás das grades.

Para quem gosta de filmes de prisão, estrelados por bandidos ou dramas que retratam a vida de criminosos, recomendo:

Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, com Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino, Matheus Nachtergaele.

Lúcio Flávio, O Passageiro da Agonia (1977), de Hector Babenco, com Reginaldo Faria, Ana Maria Magalhães, Milton Gonçalves.

Carandiru (2003), de Hector Babenco, com Luiz Carlos Vasconcelos, Wagner Moura, Caio Blat.

Divirta-se!

Fontes: IMDb, Globo Filmes, Gullane, Spray Filmes, Imagem Filmes