Críticas │ Fala Sério, Mãe! (2017)

Fala Sério, Mãe! (2017)

BRA, 2017. 1h 19min. Classificação Indicativa: 10 anos. Direção: Pedro Vasconcelos. Roteiro: Dostoiewski Champangnatte, Paulo Cursino, Ingrid Guimarães (baseado no livro de Thalita Rebouças). Elenco: Ingrid Guimarães (Ângela), Larissa Manoela (Malu), Marcelo Laham (Armando), João Guilherme (Nando).

Os filmes da estrela adolescente Larissa Manoela foram bem de bilheteria nos anos de 2016 e 2017. Carrossel 2: O Sumiço de Maria Joaquina (2016) foi a 3º maior bilheteria do ano com 2.525.328 expectadores e Meus 15 Anos (2017) foi a 6º maior bilheteria com 742.137, logo atrás justamente deste filme estrelado também por ela, a 5º maior bilheteria do ano, Fala Sério, Mãe! (2017), com 940.688 expectadores.

O filme é dirigido por Pedro Vasconcelos (O Concurso, 2013; e da nova versão de Dona Flor e Seus Dois Maridos, 2017). Conta a história bem-humorada da relação de convivência entre mãe e filha, e seu embate de gerações, narrada sob o ponto de vista de ambas, baseado no romance infantojuvenil de Talita Rebouças (que também assina o roteiro em parceria com a própria protagonista, Ingrid).

A brilhante comediante Ingrid Guimarães (da cinessérie De Pernas pro Ar, 2010; De Pernas pro Ar 2, 2012), rainha das comédias nacionais, é uma mãe coruja, muito divertida, chamada Ângela Cristina, amorosa, parceira, superprotetora, desbocada e levemente neurótica, que tem uma relação com a filha primogênita, Maria de Lourdes (chamada pelo apelido, Malu), que também tem suas teimosias e sentimentos de opressão em função dos cuidados, muitas vezes excessivos e conservadores, de sua genitora.

No começo do filme, o roteiro tenta ilustrar, de forma engraçada, as complicações do parto, as divertidas complexidades da infância (são 3 filhos), até focar na adolescência da filha mais velha. A mãe torna-se um inconveniente na vida da primogênita, que agora adentra à adolescência e precisa descobrir, por conta própria, todas as etapas desta mudança rumo à tornar-se mulher.

A partir daí, a história centraliza-se nas interpretações de Ingrid (que segura o filme com seu habitual carisma, presença cênica e perfeito timing para comédia), em uma evidente referência a igualmente tagarela e zelosa Dona Hermínia, personagem criado por Paulo Gustavo (que faz uma ponta no filme: situação que não afeta diretamente a narrativa, apesar da diversão) de Minha Mãe é uma Peça: O Filme, 2013; e Larissa (com sua beleza juvenil e grande potencial de diálogo com os adolescentes), criando uma excelente química entre as duas, que vai facilitar a apresentação dos temas propostos.

Podemos citar como temas centrais: a relação de mãe e filha, o conflito de gerações, o turbilhão de emoções, a aceitação social, a separação dos pais, a desestabilidade da estrutura familiar, a perda da virgindade, a mulher que torna-se mãe, a filha que torna-se mulher, a busca pela independência, a escolha profissional, entre outros.

Apesar da relação entre mãe e filha ser bem construída e convincente, o filme não aprofunda nos temas e nem é, particularmente, engraçado. Infelizmente, também não escapa das cenas de mau gosto (gases no elevador, piadas de banheiro), fato este que é um mal recorrente da comédia brasileira.

Até as belas cenas do chuveiro, invertendo as posições das personagens, mostrando que se ora a filha é quem precisa dos cuidados da mãe, haverá um momento em que é a mãe que precisará dos cuidados da filha, não tem o impacto desejado.

Recomendado para pré-adolescentes do sexo feminino e fãs da ótima Ingrid Guimarães.

Participações especiais do cantor Fábio Jr. (Bye Bye Brasil, 1980), do já citado comediante Paulo Gustavo (ator de Minha Mãe é uma Peça 2: O Filme (2016), a maior bilheteria de 2017, com um ranking de público de 5.213.465 expectadores) e a participação de Thalita Rebouças, autora do livro.

Se você procura uma comédia que aborde o relacionamento entre mãe e filha, recomendo a divertida produção da Disney, Sexta-Feira Muito Louca (Freaky Friday, 2003), refilmagem de Se Eu Fosse a Minha Mãe/Um Dia Muito Louco (Freaky Friday, 1976). Agora, se você quer um filme mais sério e forte com o mesmo tema, indico o drama adolescente Aos Treze (Thirteen, 2003), bem mais pesado. Caso você prefira “Filmes de Arte”, pode experimentar Tudo Sobre Minha Mãe (Todo sobre mi madre, 1999), de Pedro Almodóvar, vencedor do prêmio Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2000.

Divirta-se!

Fontes: IMDb, Camisa Listrada, Focus Entretenimento, Fox International Productions (FIP), Globo Filmes, Telecine Productions, Downtown Filmes, Paris Filmes.