Críticas │ Os Parças (2017)

Os Parças (2017)

BRA, 2017. 1h 40min. Classificação Indicativa: 14 anos. Direção: Halder Gomes. Roteiro: Cláudio Torres Gonzaga. Elenco: Tom Cavalcante (Toinho), Whindersson Nunes (Ray Van), Tirullipa (Pilôra), Bruno de Luca (Romeu), Paloma Bernardi (Cintia), Taumaturgo Ferreira (Vacário), Oscar Magrini (Mário).

Comédia nacional do diretor cearense Halder Gomes (Cine Holliúdy, 2012; O Shaolin do Sertão, 2016), que aborda um assunto importante no Brasil: a vinda de pessoas de outras regiões do país para um grande centro urbano em busca do sonho de uma vida melhor, mas que acabam em empregos informais e na clandestinidade das ruas.

Também reúne duas gerações do humor cearense, Tom Cavalcante (o criador do bêbado João Canabrava do programa da televisão brasileira, a Escolinha do Professor Raimundo, 1990 a 1995) e Tirullipa (que se influenciou em seu pai, o palhaço Tiririca), e outras estrelas da comédia popular brasileira.

Foi o 3º no ranking de público em 2017, com 1.233.230 expectadores (ficando atrás apenas do 2º lugar: Polícia Federal: A Lei é para Todos com 1.362.940, e do 1º lugar: Minha Mãe é uma Peça 2: O Filme com 5.213.465).

Chantageados e enganados por Mário (Oscar Magrini), um vigarista que se aproveita da boa fé alheia para ganhar dinheiro, um locutor de loja de varejo, Toinho (Tom Cavalcante), dois trambiqueiros, Ray Van (o youtuber Whindersson Nunes) e Pilôra (o comediante Tirullipa), e um técnico de informática, Romeu (Bruno de Luca), são obrigados a trabalhar na firma de casamento de sua recém-inaugurada empresa falsa, no centro de São Paulo.

Ao descobrir que o seu primeiro cliente é o maior contrabandista da área do comércio popular da Rua 25 de Março, o temido Vacário (Taumaturgo Ferreira), o ambicioso Mário decide fugir, deixando o quarteto atrapalhado com a função de organizar uma festa de casamento de luxo, com pouco dinheiro e nenhuma experiência.

Se eles falharem, terão que lidar com o chefão perigoso, que também é o pai da noiva, Cintia (Paloma Bernardi, uma atriz tão linda que merece virar estrela de cinema).

Juntos, eles vão enfrentar muitos desafios na produção da festa de casamento e terão que fazer de tudo para não levantar a desconfiança do temido Vacário. Assim, eles se utilizam de disfarces (CEO (Chief Executive Officer (Diretor Executivo)) de degustação etílica, chef de cozinha africano, professora de dança, stripers de despedida de solteira, estilistas de vestido de noiva, imitação do cantor Fábio Jr., e até, no final do filme, dançarinas do grupo É o Tchan!), para não levantarem suspeitas.

Os críticos de cinema brasileiros tem razão em afirmar que o grande problema da comédia nacional é o roteiro. Aqui, as situações de humor não funcionam: estão desgastadas e já foram vistas, inúmeras vezes, na televisão; a edição se esforça para salvar o filme que é mal dirigido e possui um ritmo confuso; as interpretações são caricatas, estereotipadas e, sobretudo, histriônicas, com os personagens se comportando de maneira exagerada e histérica; o vilão não provoca medo em ninguém; e as piadas, simplesmente, não tem graça, são grotescas e de mau gosto. Tudo constrangedor. Um verdadeiro show de horrores!

Os grandes mestres da comédia muda, Charles Chaplin (1889–1977), Buster Keaton (1895–1966) e Harold Lloyd (1893–1971) tinham uma noção incrível de cinematografia. Outras linguagens precisam fazer a transposição para a Linguagem Cinematográfica, quando as obras possuem, como exibição final, a tela grande do cinema. Caso contrário, fica parecendo que o expectador está assistindo a um programa humorístico da televisão no cinema.

Mas, as novas tendências do cinema brasileiro emergem tentando fazer um diálogo com novos públicos (seguidores de celebridades, youtubers e influenciadores digitais). Contudo, esta mistura não deu certo. Não é um bom Cinema, apesar do bom desempenho nas bilheterias. É claro que sempre torcemos pelo sucesso do Cinema Brasileiro e desejamos que os filmes nacionais tenham maior qualidade.

Como o elenco tem origem em diferentes mídias (rádio, TV, stand-up, internet), talvez o filme tenha melhor sorte em outras plataformas de exibição audiovisuais.

Participações especiais do jogador Neymar Jr., do cantor Wesley Safadão, do apresentador Carlos Alberto de Nóbrega, do ator Milhem Cortaz (Tropa de Elite, 2007), e de outras personalidades famosas.

Se você gosta de comédias que se utilizam de disfarces, procure conhecer A Nova Transa da Pantera Cor de Rosa (The Pink Panther Strikes Again, 1976), com o genial Peter Sellers, de Blake Edwards. Esse, sim, é, realmente, engraçado! [não se esqueça de assistir também os ótimos: A Volta da Pantera Cor-de-Rosa (The Return of the Pink Panther, 1975); e A Vingança da Pantera Cor-de-Rosa (Revenge of the Pink Panther, 1978), ambos também estrelados por Peter Sellers, dirigidos também pelo ótimo Blake Edwards]

Divirta-se!

Fontes: IMDb, Paris Filmes, Formata Produções, Downtown Filmes, Fox Filmes do Brasil.

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